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Batalhão de Operações Policiais Especiais ( BOPE )


O Batalhão de Operações Policiais Especiais ( BOPE ) é uma força de Operações Especiais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro ( PMERJ ), subordinada ao Comando de Operações Especiais ( COE ). Origem:

A ideia de um grupo de policiais que fossem especificamente treinados para atuar em situações de extremo risco surgiu após o trágico desfecho da ocorrência com reféns no Instituto Penal Evaristo de Moraes, em 1974. Na ocasião o diretor do presídio, o Major PM Darcy Bittencourt, que era mantido refém pelos criminosos que tentavam fuga, foi morto juntamente com alguns presos após a intervenção da força policial.[1] Foi criado em 19 de janeiro de 1978, pelo Boletim da Polícia Militar n° 014 da mesma data como Núcleo da Companhia de Operações Especiais (NuCOE), através de um projeto elaborado e apresentado pelo capitão PM Paulo César de Amendola de Souza, que presenciou a crise, ao então comandante-geral da PMERJ, coronel Mário José Sotero de Menezes. Funcionando nas instalações do CFAP-31 de voluntários e subordinado operacionalmente ao chefe do Estado-Maior da PMERJ.[2] O NuCOE funcionava em um acampamento nas dependências do Centro de Formação de Praças (CFAP), em Sulacap, na zona norte do Rio. Eram 12 barracas para cerca de 30 policiais.

Em 1980 passou a ter como simbolo a caveira trespassada por um punhal, ornado por duas garruchas cruzadas.

Pelo Boletim da PM n° 33, de 7 de abril de 1982, por resolução do comandante-geral, o NuCOE passou a funcionar nas instalações do Batalhão de Polícia de Choque, fazendo parte da orgânica daquela unidade e recebendo a designação de Companhia de Operações Especiais (COE).[2]

Em 27 de junho de 1984, através da publicação em Boletim da PM n° 120, a COE passou a ser denominada Núcleo de Companhia Independente de Operações Especiais (NuCIOE), funcionando nas instalações físicas do Regimento Marechal Caetano de Farias, ficando subordinado apenas administrativamente ao BPChq, retornando sua subordinação operacional ao chefe do EMG.

Pelo decreto-lei n° 11.094 de 23 de março de 1988, foi criada a Companhia Independente de Operações Especiais (CIOE), com suas missões próprias em todo o Estado do Rio de Janeiro, que seriam determinadas pelo comandante-geral.

Finalmente, pelo decreto n° 16.374 de 1 de março de 1991, deu-se a criação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), ficando extinto a CIOE.

Tragédia e recomeço (2000):

Em 12 de junho de 2000, oficiais do BOPE foram comunicados para negociar com Sandro Barbosa do Nascimento, um sequestrador aparentemente drogado que mantinha reféns no Jardim Botânico em um evento conhecido como Sequestro do ônibus 174. Os policiais passaram a tarde tentando negociar com o criminoso, e se comunicavam usando gestos, uma vez que não tivessem rádio. Coronel José Penteado, o comandante da unidade, estava no local e os atiradores de elite posicionados, mas a ordem para disparar um tiro fatal não veio. Após horas frustradas, o sequestrador deixou o ônibus com a professora Geísa Gonçalves, de 20 anos. Sem ordens, o soldado Marcelo Santos avançou pra alvejar Sandro com uma submetralhadora e errou o tiro, acertando a refém de raspão no queixo. Como resposta, Geísa levou três tiros nas costas disparados do revólver do sequestrador. Dentro do camburão, a caminho da prisão, os policiais asfixiaram Sandro. Santos entrou em depressão por anos e Penteado desapareceu.

A morte de Geísa serviu de exemplo ao BOPE, que percebeu a falta de treinamento adequado, equipamento e autonomia funcional para decidir uma situação de crise, e se aperfeiçoou especialmente no resgate de reféns.[5] Em dezembro de 2000, ganhou instalações próprias, localizada no hotel cassino abandonado no alto da favela Tavares Bastos, no bairro de Laranjeiras, na Zona Sul da capital fluminense, que era utilizado como ponto de observação do tráfico na região. No mesmo mês, em decorrência do sequestro do 174, o BOPE criou a Unidade de Intervenção Tática (UIT), um núcleo para o resgate de reféns.

Em 2001, o BOPE adotou veículos blindados batizados como Caveirões para proteger PMs em incursões em favelas. Com isso, o batalhão foi fortemente criticado pelas entidades de direitos humanos por ter estampada a insígnia da caveira trespassada por um punhal.

Tropa de Elite (2007):

Em 2007, estreou nos cinemas a adaptação do livro Elite da Tropa, escrito pelo antropólogo e ex-Secretário de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares, Major do BOPE André Batista e ex-Capitão Rodrigo Pimentel: Tropa de Elite, dirigido por José Padilha. O filme, que fala sobre a missão de exterminação do tráfico nas favelas para aguardar a chegada do Papa e a substituição de dois capitães do BOPE, se tornou, com apenas duas semanas, a produção mais vista e comentada da história do cinema brasileiro, embora mais de 11 milhões (80%) dos espectadores tenham assistido sua versão pirata, vendida em camelôs. Com o filme, o BOPE se tornou um super-herói brasileiro e um sucesso estrondoso do público. A média de e-mails enviados à unidade, que até então era de 400 por semana, passou a 400 por dia (recados de felicitação do combate ao crime e pedidos de visita ao batalhão). Houveram universitários interessados em desenvolver teses acadêmicas sobre os policiais. Vários canais insistiam em fazer documentários televisivos e reportagens sobre o BOPE.

Com o sucesso, vieram também as críticas. Era dito que Tropa de Elite fazia apologia à tortura e sua violência, verbal ou física, muito criticada. Mário Sérgio Brito Duarte, na época comandante do BOPE e depois comandante-geral da força, deplorou a obra, em artigo. Independente disso, o filme levou milhares a postularem uma vaga na PM e o esquadrão aproveitou para reinventar a imagem da tropa (quebrada após o 174) e angariar apoio no governo para obter equipamento e treinamento.

Atualmente, o emprego do BOPE em situações criticas ou missões especiais está regulado pela nota de instrução n°004/02 – EMG, estando a unidade subordinada administrativamente e operacionalmente ao Comando de Operações Especiais da PMERJ.

Unidade de Intervenção Tática:

A UIT é a fração destinada exclusivamente a resgate de reféns e contraterrorismo do BOPE. Desde 2000 até 2012, mais de 200 reféns foram resgatados ilesos em casos de sequestro, tendo apenas dois casos com resultado letal. 80% dos casos são resolvidos com o uso da negociação. Desde o sequestro do ônibus 174, o BOPE nunca perdeu um refém.

Grupo de Negociação e Análise:

O GNA é a equipe especializada em negociação numa situação de crise, em virtude de proporcionar uma solução pacífica. O BOPE possui uma psicóloga que desenvolve um importante papel de assessoramento ao negociador e ao gerente da crise, dando suporte técnico e definindo o perfil psicológico do causador da crise. O treinamento desse grupo é realizado a partir de estudos de casos e simulações de ocorrências.

Grupo de Atiradores de Precisão:

O GAP é formado por policiais altamente especializados na área de tiros de precisão. Os atiradores são uma ferramenta fundamental de observação e coleta de informações do ambiente de crise. Os policiais que formam esse grupo utilizam armamento diferenciado, aferido meticulosamente. Cada sniper possui um treinamento fixo de 4 horas por dia, mas só é considerado especializado após 5 anos de serviço, e treina para atingir uma moeda, uma bala ou um alvo a 100 metros. Em 2009, o BOPE contava com 15 atiradores.

Grupo de Retomada e Resgate:

O GRR é empregado quando as outras táticas alternativas não são suficientes para a resolução da crise. O treinamento e a execução das entradas táticas podem ocorrer em ambientes como edificações, ônibus, metrô, embarcações, trem, etc. A fim de contar com policiais militares altamente capacitados, o treinamento dos Operadores que compõem o Grupo é constante, pois trata-se de uma atividade de altíssimo risco. Quando há necessidade de intervenção, o GRR usa armas não-letais.

Unidade de Engenharia, Demolição e Transporte:

A UEDT surgiu devido à necessidade de desobstrução dos acessos das comunidades para a entrada das viaturas durante as operações policiais. Ela é formada por policiais com conhecimento em mecânica de veículos pesados e explosivos. Eles são responsáveis por operar os maquinários na liberação dos acessos e por destruir as fortificações do tráfico. Quando se faz necessário eles também usam explosivos em suas missões. Com a atuação do BOPE no processo de pacificação, a equipe agregou uma nova função: montar os equipamentos desdobrados em terreno de difícil acesso, para servir de base avançada das tropas no local a ser pacificado. O treinamento da equipe é baseado em constantes estudos e pesquisas sobre demolição e engenharia de combate, o que lhes permite o aperfeiçoamento das técnicas utilizadas.

Veículos:

O BOPE possui veículos blindados popularmente conhecidos como "caveirões", utilizados, principalmente, em operações onde há conflitos com narcotraficantes e optados somente em último caso (o BOPE progride, em situações normais e patrulhas, na viatura, até decidir usar o caveirão quando a situação torna-se crítica). Os blindados não possuem armamento próprio, sendo o seu poder de fogo constituído pelas armas da própria guarnição. O BOPE começou a utilizar os caveirões em 2001.

A principal finalidade dos veículos blindados é proteger a vida dos elementos da guarnição e romper as barreiras físicas utilizadas pelo narcotráfico. Os blindados são essenciais ainda no apoio ao resgate de unidades policiais encurraladas e na remoção de feridos dos cenários de confronto.

Em 2014, o governo fluminense comprou oito novos Caveirões, denominados Maverick, que cujo preço individual pode chegar até R$ 1,5 milhão. Eles são fabricados pela empresa sul-africana Paramount e são capazes de resistir a explosivos embaixo do veículo, tiros de fuzis 7.6 mm, como o FAL e também calibres maiores, como 12,7 mm e 50 mm, é equipado com diversas câmeras do lado externo do carro, possui reforço na carroceria para derrubar bloqueios nas ruas, carrega um sistema de extintores automáticos nas rodas e tem espaço pra até 12 policiais (incluindo motorista e navegador). O novo Caveirão usa um motor turbodiesel de 300 cv e câmbio automático e possui diversos suportes para a colocação do armamento pesado usado pelo BOPE.

A partir de janeiro de 2012, o BOPE passou a contar com seis motos Yamaha XT 660R para acessar algumas vielas das comunidades e chegar nesses lugares mais rápido. Os veículos são pintados de preto e contêm adesivos com a bandeira do Estado do Rio de Janeiro.

Equipamento:

O peso do equipamento de um combatente do BOPE varia entre 25 e 30kg. Eles usam um calçado com uma palmilha no calcanhar muito parecida com um tênis de corrida e ventilação. Há inúmeros bolsos pelo colete, além de uma mochila, cuja intenção é de se manter 48 horas sem parar. Neles, são carregados uma faca, um canivete multifuncional, um rádio comunicador com GPS, carregadores da pistola e fuzil, barrinhas de cereal e câmeras para gravação de ações táticas. Na mochila, seu carregamento pode incluir um aparelho de visão noturna (cedidos pela Marinha), um reservatório de água ou isotônico, um balaclava, dois kits de limpeza de armamento, granadas fumígenas, granadas de luz e som, kit de primeiros socorros, pasta de dente, um binóculo e roupas íntimas.[17]

Armamento:

Fabricante |Classificação | Modelo | Calibre :

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Colt | Fuzil de assalto | M4 COMMANDO | 5.56×45mm NATO

Colt | Fuzil de assalto | M16A2 | 5.56×45mm NATO

Heckler & Koch | Fuzil de precisão | PSG1 | 7.62 × 51 mm NATO

Benelli | Escopeta | M3 |.12

FN | Submetralhadora | P90 |5.7×28mmNATO

Imbel |Fuzil de assalto | MD97 |5.56×45mmNATO

Heckler & Koch |Metralhadora de mão | MP5 |9×19mm NATO

Heckler & Koch |Fuzil de assalto | G3 |7.62 × 51mmNATO

Heckler & Koch |Metralhadora ligeira | HK21 |7.62 × 51 mmNATO

Taurus |Pistola semi-automática| PT92 |9×19mm NATO

Imbel |Pistola | 9 M973 |9×19mm NATO

ArmaLite |Fuzil de assalto | AR-10 A4 |7.62 × 51 mm NATO

Carabina |M1 | Calibre |.30

Além disso, o BOPE também conta com 30 armas de eletrochoque X2 produzidos pela marca Taser International para serem usados em resgate de reféns. O X2 é característico e eficiente por registrar todas as informações de uso, a possibilidade de acoplar câmeras no armamento para a filmagem das operações e trazer a possibilidade de dois disparos.

Canção do BOPE:

Letra: Major PM Paulo Cesar Amêndola de Souza

Lealdade, destemor, integridade

Serão os primeiros lemas

Desta equipe sempre pronta a combater

Toda a criminalidade

A qualquer hora, a qualquer preço

Idealismo como marca de vitória.

Com extrema energia, combatemos todos

Os nossos inimigos

Criminosos declarados em igualdade

Derrotamos os omissos

Guerra sem trégua heróis anônimos

Operações especiais.

E o batalhão coeso e unido

Não recua ante a adversidade

Com ousadia enfrentamos realidade

Vitória sobre a morte é a nossa glória prometida. URRÁ!

Uniformes:

Em 22 de junho de 2016, o BOPE estreou sua nova farda verde camuflada que passaria a ser seu uniforme principal. Estudos da Polícia Militar em 2009 pelo então major Fábio Souza demonstraram que, na prática, a cor acaba expondo seus integrantes na maioria dos terrenos e dificulta a camuflagem. Além disso, o preto acumula mais calor e provoca desidratação dos soldados em operações mais longas, sob o sol carioca. O novo uniforme é feito de um tecido moderno, resistente, mais leve e fresco que o antigo, além de permitir melhor circulação de ar e apresentar resistência maior às chamas. O primeiro estoque com 930 fardas é semelhante ao usado pelos fuzileiros navais dos Estados Unidos, e custou R$ 283.600 (R$ 305 por conjunto). A mudança também é provocada pela intensificação da presença de criminosos em áreas de matas ao redor das favelas.

Treinamento:

Para ingressar no BOPE, o candidato deve ser policial militar da PMERJ há pelo menos dois anos, possuir excelente condicionamento físico, assim como ser aprovado nas avaliações física, médica e psicológica. São oferecidas duas modalidades de curso, para as duas atribuições da unidade:

  • Curso de Operações Especiais (COEsp), com duração de três meses, visando preparar o policial para intervenções em áreas de conflito e ao resgate de reféns. Quem passa nesse curso é conhecido como "Caveira".

  • Curso de Ações Táticas (CAT), com duração de cinco semanas e mais de 340 horas de instrução, que é uma síntese do curso de operações especiais. Quem passa nesse curso é conhecido como "Raio".

COEsp:

No COEsp, o treinamento pode incluir sessões de afogamento e choques elétricos, noites inteiras de imersão na água gelada de um rio e o golpe conhecido como "telefone", que por duas vezes já causou penetração nos tímpanos. Nele, o soldado ganha experiência em operações de alto risco em favelas, selvas ou em regiões montanhosas. O aluno dorme e alimenta-se muito pouco e é submetido a situações extenuantes, aprendendo a controlar melhor sua agressividade. Misturam-se instruções de atirador de elite, emboscada, defesa pessoal, conduta de patrulha, montanhismo, sobrevivência no mar, primeiros socorros, armamento, situações com reféns e diversas outras situações de risco. Apenas 20% dos que entram nesse curso vão até o fim.

Cada aspirante ao BOPE dá uma média de 2500 tiros no curso preparatório, aprende-se a usar 12 tipos diferentes de armas e seus atiradores de elite são capazes de acertar uma moeda de 5 centavos a uma distância de 100 metros.

CAT:

Através de instruções de alto padrão, o CAT busca colocar na vanguarda tecnológica e operacional policiais militares que irão atuar nas mais difíceis e arriscadas missões no campo de segurança pública. O curso é considerado o mais completo e difícil entre cursos de ações táticas em todo território nacional. Desde 1996, o ano de sua fundação, até 2015, o BOPE já formou 696 "raios" (designação aos que completam esse curso).

Preparo:

O policial do BOPE tem uma carga diária de mais de três horas de preparo físico, além de fazer treinamentos específicos de três dias (como ações na montanha ou em helicópteros) uma vez por mês.

Visite o site Oficial do BOPE: www.bopeoficial.com

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