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1º Batalhão de Forças Especiais- 1º BFE


A situação na área estava calma. Tudo indicava que seria uma noite tranqüila. Porém, logo após a troca do turno das 00:00, um violento estrondo sacudiu toda área. Depois, tiros vieram de todas as direções e os homens começaram a sair desesperados de suas tendas e a morrer. Novas explosões arrancavam pedaços de terra, viaturas e homens. A loucura aumentou quando homens, que mais pareciam animais, com seus rostos negros, avançavam gritando, com metralhadoras, facas. Destruíam tudo que se movia e pareciam imortais. Tão rápido quanto apareceram, se foram. Pareciam ser mais de 100, mais não passavam de 25.

Essa estória ilustra bem a ação final, resultante de uma operação de Forças Especiais, que começou com um reconhecimento profundo, onde o 1° BtFEsp (1º Batalhão de Forças Especiais) se infiltrou, por um dos diversos meios empregados e passou um período em território hostil. Durante esse período, foram levados diversos tipos de informações que auxiliaram uma outra equipe em planejamento para o cumprimento da missão. Além de informações, os homens das Forças Especiais prepararam também, rotas de infiltração e exfiltração, área de suprimento.

Todo esse trabalho foi para que a ação final, realizado por um DAC (Destacamento de Ação de Comandos) fosse bem sucedida.

O DAC é quem realiza a ação de choque, caracterizada pela extrema violência e pelo grande volume de fogo, empregando o menor efetivo possível. Sua constituição pode variar de acordo com a missão, entretanto, cada integrante está apto para manejar qualquer tipo de arma de dotação da Infantaria. Desde a besta até o canhão sem recuo. Seus homens são treinados para suportar as adversidades do clima e do terreno e são capazes de enfrentar qualquer situação, tendo sempre em mente o cumprimento da missão.

Esses destacamentos normalmente tem de entre 12 a 14 militares, e seus homens poderão ser infiltrados por helicópteros ou pequenos barcos em território inimigo. Em terra, deflagrariam operações de sabotagem, como a destruição de uma ponte que serve de rota de abastecimento ao inimigo.

O terror é seu maior trunfo, e eles o empregam bem. O uso de explosivos e armas de grosso calibre, aliado à surpresa, abala o moral do oponente, transformando-o num homem consternado. O ataque feroz e ruidoso transforma, em segundos, um lugar calmo em um inferno de tiro e gritos. Todo esse cenário é produzido pelo treinamento exaustivo dos Comandos, desde sua formação, nos cursos de ações de Comandos, até nos dias de adestramento, como a Operação Condor.

O resultado final é a impressão de que o ataque é realizado por um efetivo muito maior que o real. Mas nada disso seria possível sem o trabalho silencioso do 1° BtFEsp. É o elemento básico das Forças Especiais do Exercito Brasileiro. Sua constituição é de quatro oficiais, compondo o estado-maior, e de quatro duplas formadas por um sargento e um cabo. Estes poucos homens altamente especializados em matéria de reconhecimento. Em campo, são capazes de, apenas pela observação, tanto direta (o que vêem) quanto pela indireta (o que poucos indícios mostram), definir valor, equipamento e armamento da tropa de qualquer Força que está na área. Seus reconhecimentos são sempre empregados em ações estratégicas, a nível corpo do Exército e geram sempre ações decisivas no combate.

O grupo é auto-suficiente e conta com especialistas em comunicações, demolições, armamento e saúde. Entretanto, as tarefas de Forças Especiais não se limitam a reconhecimento.

São capazes de organizar Forças Irregulares para atuarem nas retaguardas profundas do inimigo. Para isso recebem treinamento de operações psicológicas, onde há o emprego de formas de combate não convencionais. O risco de cada missão é sempre muito alto e as Forças Especiais tem que estar em condições de avaliar e decidir por si só, já que nem sempre terá comunicações com um escalão superior. Durante o curso, são realizadas diversas operações que visam desenvolver capacidade de observação e análise e o uso dessa capacidade em situações adversas. As instruções mas técnicas criam um condicionamento mental, visando o aumento de percepção, flexibilidade e velocidade de raciocínio.

O curso tem duração de 25 semanas e suas instruções vão desde operações de inteligência e psicológicas até treinamento Paramédico e meteorologia.

Como no Comandos, o CFE também é desenvolvido em todo o território nacional, e as dificuldades encontradas também são iguais, porém num nível mais técnico. É necessário ser Comandos e Pára-quedista, para fazer o curso e também solicitá-lo por meio de requerimento.

Além destes cursos são ministrados os cursos de Caçador (Sniper) e de Mergulho Operacional. Seus integrantes também realizam outros cursos de especialização no Centro de Instrução Pára-quedista General Penha Brasil, como o de Mestre de Salto, Salto Livre Operacional e de Mestre Salto Livre Operacional.

A ORIGEM DAS FORÇAS ESPECIAIS BRASILEIRAS

As origens das Forças Especiais brasileiras remontam ao ano de 1953, quando oficiais e sargentos pára-quedistas integraram uma unidade de salvamento. Esse grupo, inspirado na doutrina das Special Forces"Boinas Verdes" e dos Rangers do exército norte-americano, deu início à formação dos especialistas do Exército Brasileiro em Operações Especiais.

O primeiro curso foi realizado em 1957. As Forças Especiais do Exército Brasileiro tiveram atuação destacada na eliminação de focos de guerrilha no Brasil nas décadas de 60 e 70, desenvolvendo, inclusive, doutrina própria de contraguerrilha aplicada e aprovada no combate a guerrilheiros no meio rural.

O 1º BFEsp, unidade que congregou os Comandos e as Forças Especiais do Exército Brasileiro, foi criado em 1º de novembro de 1983. Desde 27 de setembro de 1984 ocupa as instalações do Camboatá, na cidade do Rio de Janeiro. Recebeu, em novembro de 1991, a denominação histórica de Batalhão Antônio Dias Cardoso, herói brasileiro da Guerra dos Guararapes campanha contra os invasores holandeses, expulsos do Brasil no século XVII. Hoje a sede do antigo 1º BFEsp, foi transformada no Centro de Instrução de Operações Especiais – CI OP ESP.


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