Batalhão Tonelero / Comandos Anfíbios
O Corpo de Fuzileiros Navais, tropa de elite da Marinha do Brasil, é o grupamento mais especializado entre todos os que formam as Forças Armadas Brasileiras.
Considerado um dos três melhores do mundo, o curso para se tornar fuzileiro naval tem duração de seis meses. Os candidatos a fuzileiro passam por rigorosa investigação social para serem aceitos. As turmas costumam começar com cerca de 60, 70 inscritos. No ano de 2003 por exemplo, somente sete alunos concluíram o curso. Os classificados no concurso de admissão ao Corpo de Fuzileiros Navais estudarão noCentro de Instrução Almirante Mílciades Portela Alves. O CIAMPA esta localizado em Campo Grande, no Rio de Janeiro. Os recrutas passam por um período de ambientação, anterior à matrícula, que tem por objetivo uma adaptação prévia ao curso, assim como a confirmação do interesse do candidato pela vida militar. O estudante passa por atividades preparatórias, incluindo palestras e muitos exercícios físicos.
A apresentação do recruta é um momento simbólico, como um ritual de passagem da vida civil à militar inclui a entrega do uniforme e do material de cantina e, ainda, a raspagem do cabelo.
A formação dos soldados fuzileiros navais consiste em, durante 18 semanas, transformar esses recrutas em "combatentes anfíbios". A atividade militar conhecida como anfíbia tem por finalidade efetuar o desembarque ou a retirada de uma força terrestre em um ponto no litoral defendido ou atacado pelo inimigo. Em síntese, é uma forma de projetar o poder naval sobre a terra. Tendo em vista que este tipo de operação é considerada a mais difícil ação militar, sua formação consite no desenvolvimento da doutrina, da tática, da técnica e dos meios empregados pelas forças de desembarque nas operações. Depois de aprovados no curso, os recrutas já podem ser considerados fuzileiros navais, passando a servir por três anos.
Após esse período, eles têm a oportunidade de voltar à vida civil como reservistas ou continuar na carreira militar fazendo o curso para a próxima graduação de cabo. Através de concursos internos, os soldados podem passar para o quadro de oficiais, podendo chegar até o posto de Capitão-de-Mar-e-Guerra.
BATALHÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS DE FUZILEIROS NAVAIS / BATALHÃO TONELEIRO
O Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais, conhecido como Batalhão Tonelero, unidade especial da infantaria naval da Marinha do Brasil, está preparado para atuar tanto na orla marítima quanto nas regiões ribeirinhas. Criado em 1971, baseado no Rio de Janeiro, iniciou suas atividades com o Curso de Comandos Anfíbios, estruturado por oficiais que tinham freqüentado o Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), do Exército Brasileiro. Subordinado ao Comando da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), é composto das seguinte unidades: Companhia de Comando e Serviços; Companhia de Comandos Anfíbios (duas); Companhia de Reconhecimento Anfíbio; Companhia de Reconhecimento Terrestre.
Suas especialidades envolvem as ações de reconhecimento pré-assalto e pós-assalto em apoio às forças de desembarque, com efetivos altamente qualificados como mergulhadores autonômos ou usando o pára-quedas como meio de infiltração, com a missão de identificar e relatar atividades do inimigo, conduzir fogos das armas de apoio, implantar sensores no terreno e orientar operações com helicópteros. As ações dos Comandos Anfíbios visam destruir ou danificar objetivos relevantes, retomar instalações, capturar ou resgatar pessoal,obter dados, despistar e produzir efeitos psicológicos.
O Curso Especial de Comandos Anfíbios, com duração de dez semanas, possui as seguintes disciplinas: técnicas de infiltração; patrulha; explosivos; socorrismo avançado; combate em áreas urbanas; luta corpo-a-corpo; montanhismo; e técnicas de sobrevivência no mar e em terra. Seus membros devem ainda estar habilitados a operar em regiões ribeirinhas e no Pantanal, em montanha e clima frio, em regiões semi-áridas e selva, e para tanto passam por outro exaustivo treinamento com duração de doze semanas.
Ainda no âmbito do Batalhão Tonelero foi criado o Grupo Especial de Retomada e Resgate (GERR) adequado ao cumprimento de tarefas específicas como a retomada de instalações de interesse da Marinha do Brasil, resgate de reféns ou pilotos abatidos em zona de combate, e luta contra-terrorista (CT). Entre outras habilidades treinam a abordagem de edificações, manuseio de artefatos químicos, tiro de precisão, tiro com besta, técnicas de silenciamento, memorização e negociação. Para poder desempenhar bem suas funções, seus efetivos devem contar com o que há de melhor em armas e equipamentos.
Fazem parte do inventário da unidade, submetralhadoras silenciadas H&K MP-5 SD3, calibre 9 mm, fuzis para tiros de precisão Parker-Hale, calibre 7,62 mm, fuzis Colt Commando M-4A2, de 5,56 mm e equipamento de visão noturna, entre outros.
Os uniformes utilizados são os mesmos que vigoram nas demais unidades do Corpo de Fuzileiros Navais, totalmente camuflado, usado em combate, exercícios e diariamente nos quartéis. O distintivo, de metal dourado, traz uma caveira que significa morte e destruição ao inimigo, a âncora simbolizando a Marinha do Brasil, um raio referência à rapidez e violência das ações e um par de asas que traduzem a capacidade aeroterrestre.
O Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais (Batalhão Tonelero) é estruturado para emprego em ambientes hostis, com a finalidade de destruir ou danificar objetivos relevantes em áreas defendidas, capturar ou resgatar pessoal ou material, retomar instalações, obter informações, despistar e produzir efeitos psicológicos. Dentro do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, uma de suas unidades representa, talvez, toda a mística do combate anfíbio. Ela congrega os fuzileiros especificamente preparados para realização de operações especiais. Trata-se do Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais, o "Tonelero", cujos membros são ainda mais exigidos nos termos de recrutamento, instrução e adestramento, ficando conhecidos como Comandos Anfíbios, ou simplesmente COMANFs. O Batalhão Tonelero tem a finalidade principal de, por meio da execução de operações especiais, contribuir para o preparo e execução do poder naval, efetuando ações de reconhecimentos e de comandos.
Sob sua responsabilidade, está a função de ministrar cursos e estágios voltados aos seus recursos humanos. A unidade é estruturada em uma Companhia de Comando e Serviços, duas Companhias de Reconhecimento Anfíbio (ReconAnf) e Reconhecimento Terrestre (ReconTer) e duas Companhias de Comandos Anfíbios. Existe também o Grupo Especial de Retomada e Resgate (GERR), do qual muito pouco se divulga mas que se sabe ser de eficiência maior que a sua própria discrição. O GERR e o GRUMEC por sinal, fazem treinamentos conjuntos para um eventual emprego combinado de ambos. Sem dúvidas, uma dupla desanimadora e fatal para o adversário. Ao ser selecionado para servir no Batalhão Tonelero, o fuzileiro naval inicia um período de aprendizado que pode levar dois anos ou mais para o seu preparo completo como elemento de operações especiais. Lá mesmo o homem realiza os Cursos Especiais de Comandos Anfíbios(CESCOMANF) e de Cursos Operações Especiais (CESOPESP), e o Curso Expedito de Salto Livre(CEXSAL).
Na Esquadra, os futuros Comanfs aprendem o mergulho autônomo de circuito aberto e fechado, infiltração por submarinos e demolição submarina. No Exército, eles frequentam cursos de montanhismo, pára-quedismo e de operações especiais (guerra na selva, comandos e forças especiais). Alguns militares do Tonelero são designados para estagiarem no exterior, especializando-se em cursos como o"All Arms Commando Course" (Royal Marines), "Comando de Operaciones Especiales" (Marinha/Espanha), "Ranger"(US Army) e "Anphibious Reconnaisance Course" (US Marine Corps). O adestramento dos Comanfs prevê anualmente exercícios em várias regiões do Brasil, buscando a capacitação para operar em clima frio, em montanhas, no pantanal, na Amazônia e na Caatinga.
Os elementos do Batalhão Tonelero podem constituir uma força-tarefa, quando os Comafs forem o mais alto escalão de execução de uma determinada operação, ou um Grupo-Tarefa, quando estiverem envolvidos em uma força de maior vulto. Não é a toa que costuma-se dizer entre as tropas especiais, que "um comanf é invencível, dois são inseparáveis e três fazem uma guerra".
Treinamento básico:
Montanhismo;
Sobrevivência na selva;
Artes marcias;
Defesa pessoal;
Orientação com mapa e bússola;
Natação;
Legislação militar;
Tanque tático: é obrigado a passar uma madrugada inteira nadando ou boiando, dentro de uma piscina, vestido com toda roupa de campanha (combate) e armamento, inclusive o fuzil;
Os candidatos treinam com todo o tipo de armamento disponível no Corpo de Fuzileiros, como pistolas, metralhadoras, fuzis normais, fuzis com mira telescópica (para atiradores de elite), armamento antiaéreo, entre outros. Eles aprendem a usar até a besta, uma espécie de arco e flecha de grande potência. Eles são capazes de montar e desmontar essas armas até mesmo no escuro;
Guerrilha urbana: táticas de combate em ambiente urbano;
Ao fim do curso, os aprovados podem ainda fazer uma complementação de pára-quedismo com o Exército.
Pressão psicológica:
Nos seis meses de curso, só há folgas nas primeiras semanas. Depois as folgas vão diminuindo ao longo do treinamento. Algumas licenças próximas ao final do curso são concedidas em horários absurdos: das 22:00 às 04:00, por exemplo;
Os candidatos passam por todo o tipo de pressão psicológica. Já no meio do curso, depois de dias sem ver a família, eles só recebem notícias de problemas familiares, como doença de filhos ou esposas. O candidato deve passar por cima de toda preocupação externa e se manter totalmente concentrado no curso. Muitos desistem ao receber notícias sobre as famílias.
Sobrevivência à tortura:
Os fuzileiros passam por um treinamento especial para resistir à tortura, numa unidade do Exército conhecida como "campo de concentração", em São Paulo. Alguns dos tipos de tortura são os seguintes:
Geladeira: o militar é colocado em um buraco cheio de água gelada, tampado com uma tábua com pregos de pontas para baixo;
Esticamento: o candidato é amarrado pelas pernas e braços e esticado;
Crucifixo: o fuzileiro é amarrado com os braços abertos, como numa cruz;
Choque: o fuzileiro recebe choques elétricos;
Afogamento: é agarrado e jogado dentro de um piscina, onde tem que evitar o seu afogamento;
Câmara de gás: tem que resistir, sem equipamento, dentro de um ambiente fechado onde é aplicado um gás;
Pista de combate: o fuzileiro também é submetido à chamada pista de luta, em que, já desgastado por semanas de curso intensivo, tem que brigar e resistir sozinho, a vários outros homens.