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Grupamento de Mergulhadores de Combate - GRUMEC


Como seria de se esperar, os primeiros MECs (Mergulhadores de Combate) brasileiros foram dois Oficiais e dois Praças que concluíram o curso de UDT-SEAL norte-americano, em 1964. Fruto da experiência desses pioneiros, foi criada em 1970 a Divisão de Mergulhadores de Combate na Base Almirante Castro e Silva. No ano de 1971, mais dois Oficiais e três Praças, foram qualificados pela Marinha Francesa como "Nageurs de Combat" e, em 1974 foi formada no Brasil, pelo atual Centro de Instrução Almirante Áttila Monteiro Aché - CIAMA, a primeira turma de Mergulhadores de Combate. Durante o curso os alunos são testados física e psicologicamente, além de receberem conhecimentos técnicos e táticos que vão desde o trabalho com explosivos até o planejamento de missões.

A fim de atender adequadamente às crescentes solicitações da Esquadra e dos Distritos Navais, a Divisão de Mergulhadores de Combate foi transformada, em 1983, no Grupamento de Mergulhadores de Combate, chamado GRUMEC, como parte integrante do Comando da Força de Submarinos.

Esta nova força era baseada na experiência adquirida por nosso pessoal nos EUA e, também, na França, onde cinco homens graduaram-se no igualmente renomado curso de"Nageurs de Combat" (Nadador de Combate).

No dia 12 de dezembro de 1997, o Ministro da Marinha criou o Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC). Essa Organização Militar, sediada na cidade do Rio de Janeiro e diretamente subordinada ao Comando da Força de Submarinos, foi ativada no dia 10 de março de 1998.

SELEÇÃO DOS MECs BRASILEIROS

Atualmente, o curso brasileiro de MEC é mundialmente reconhecido como dos melhores do seu gênero, seguindo padrões extremamente rigorosos. Durante dezoito semanas, os candidatos (todos, é claro, voluntários) são levados aos limites de desgaste físico e psicológico. O clima é, sempre, mantido o mais próximo possível daquilo que seria encontrado numa verdadeira situação operacional. A pressão é constante, de modo que, tipicamente, do grupo que inicia o curso, somente cerca de 40% conseguem terminar o curso e se tornar um mergulhador de combate.

Como o objetivo do curso é o de formar uma verdadeira elite de combatentes bem treinados, adestrados e prontos para levar a cabo as mais duras missões que lhes sejam atribuídas, é evidente que a gama de conhecimentos ministrada é das mais amplas. Natação utilitária, mergulho (e todos os seus equipamentos de apoio), orientação, combate corpo-a-corpo, sobrevivência em qualquer ambiente, navegação, pára-quedismo, explosivos, armamento e tiro são apenas algumas das áreas abordadas e exaustivamente praticadas.

O curso MEC possui quatro fases e é conduzido no Centro de Instrução Almirante Áttila Monteiro Aché - CIAMA, em Niterói-RJ, que também é responsável pela formação de submarinistas e mergulhadores convencionais.

O curso é iniciado com um módulo eliminatório de mergulho autônomo com equipamento de circuito aberto, onde se busca ensinar conhecimentos básicos de mergulho. Na fase seguinte é conduzido um extenso programa de preparação física com cinco semanas de duração, que culmina com a famosa Semana do Inferno ("hell week") igual ao do SEALs americano, onde os candidatos são testados física e psicologicamente por cerca de cem horas contínuas, sem descanso. Na terceira fase os candidatos aprendem a realizar reconhecimentos em Operações Anfíbias, bem como a utilizar os equipamentos de mergulho de circuito fechado e fazem incursões e ataques a alvos os utilizando. A quarta fase é destinada ao aprendizado de operações terrestres (patrulhas, orientação, ações em ambiente ribeirinho e de selva, sobrevivência, planejamento de ações de operações especiais, combate corpo-a-corpo, etc.).

Após formado o militar é designado para servir no Grupamento de Mergulhadores de Combate - GRUMEC, onde participará de um completo programa de adestramento e realizará cursos de extensão em diversas áreas (escalador militar, pára-quedista enganchado, salto livre, inteligência, desativação de bombas, etc.).

MISSÕES NÃO-CONVENCIONAIS

"Ações específicas de guerra não-convencional em ambientes marítimos e ribeirinhos". Esta seria uma viável síntese das tarefas previstas para o GRUMEC ou mesmo para qualquer de seus equivalentes internacionais. Na realidade, com tênues variações, são operações comuns a dezenas de unidades semelhantes, como o Special Boat Service - SBS, dos Royal Marines britânicos, ou o Detachment d'Intervention Operationelle Subaquatique - DINOPS, pertencente à Legião Estrangeira da França. Em primeiro lugar, deve ficar bem claro que os MECs não saem, simplesmente, "nadando por aí", até chegar a seus objetivos. Precisam ter, à sua disposição, variados meios de infiltração, a partir dos quais, então, evoluem.

O submarino, tendo em vista sua grande discrição e capacidade de ocultação, constitui-se no meio mais empregado. A partir dele — e, mesmo, sem a necessidade de vir à superfície - os mergulhadores podem deslocar-se até o objetivo subaquaticamente, em total ocultamento, graças aos equipamentos de mergulho, tanto de circuito fechado como de semifechado. Caiaques (botes de lona, dobráveis) de dois lugares também podem ser lançados de submarinos na superfície, deslocando-se em distâncias de até 40 quilômetros, aproximadamente. Outro tipo de embarcação são os botes pneumáticos (EDPNs), com capacidade tépica de até 300 kg, que podem ser "desovados" estando o submarino na superfície, com o convés molhado, ou mesmo em cota periscópica, ou seja, cerca de 18 metros abaixo da superfície.

A capacidade pára-quedista dos integrantes do GRUMEC lhes amplia as possibilidades de emprego, saltando tanto de aeronaves de asa fixa como de helicópteros. Neste segundo caso, o salto livre (sem pára-quedas) sobre água, a baixa altitude, é uma das técnicas de lançamento de pessoal, assim como a descida por rapel e pela moderníssima técnica de "fast rope", um tipo especial de corda que dispensa o uso, pelo homem, de equipamentos extras (como o tradicional "freio-8"): apenas um par de grossas luvas permite uma descida segura e rapidíssima. O helicóptero também constitui-se em prático meio de recolhimento de pessoal, por meio de escadas de corda (quebra-peito). As complexas operações anfíbias têm, nos MECs, elementos virtualmente indispensáveis.

Entre as informações vitais para um desembarque bem-sucedido está o conhecimento preciso do gradiente (inclinação) da praia escolhida, a partir de uma profundidade de cerca de sete metros até a vegetação que circunda a areia. A carta a ser preparada pela patrulha de reconhecimento também deve contar com dados sobre o tipo de solo (areia, pedra, lama, etc.) obstáculos naturais e artificiais, minas e a existência de edificações e habitantes da área. Igualmente importante será a avaliação das forças de oposição, o que deve ser feito sem que os mergulhadores de combate entrem em contato com o inimigo (embora estejam, sempre, fortemente armados para um confronto que seja inevitável): tal fato seria uma inequívoca indicação da eminência de um ataque.

Por outro lado, o GRUMEC está devidamente preparado e adestrado para desempenhar muitas outras variadas missões, sobretudo em meio marítimo ou próximo da costa. Pode, por exemplo, infiltrar-se num porto inimigo, afundando ou danificando navios (com minas imantadas, de retardo, que são presas aos cascos) e destruindo instalações portuárias, diques e defesas costeiras. Igualmente, junto ao litoral,estarão ao seu alcance plataformas petrolíferas, refinarias e terminais de petróleo, assim como quaisquer outros alvos de natureza estratégica, cuja destruição seja necessária.

Numa época em que o terrorismo é uma constante ameaça, no âmbito internacional, não é preciso ter muita imaginação para se visualizar os altamente especializados MECs atuando em tal eventualidade. A retomada de navios, instalações navais, plataformas de petróleo, bem como o regate de reféns que viessem a ser tomados/dominados por terroristas ou outros criminosos é um tipo de ação que se encaixa como uma luva na capacidade operacional do Grupamento. O pessoal responsável por essas operações é congregado no Grupo Especial de Retomada e Resgate - GERR. Esses militares utilizam equipamentos, técnicas e armamentos específicos, para o emprego em situações de alto risco, onde a precisão, o sigilo e a rapidez são fatores preponderantes, para o sucesso.

Chegando inesperadamente pelo mar ou mesmo pelo ar (de helicóptero ou pára-quedas), elementos altamente técnicos e aguerridos, contando com armas e equipamentos especiais, têm condições inigualáveis para assumir o controle da situação em termos eminentemente "cirúrgicos", ou seja, sem a perda desnecessária da vida de possíveis reféns.

Os Mergulhadores de Combate praticam e participam de operações (exercícios) para manterem sempre um alto grau de proficiência e aprestamento. Entre as quais podemos citar: "Operação Unitas", onde operam junto com os MECs da Marinha americana (SEAL); "Operação Dragão", onde efetuam reconhecimento hidrográfico e informações sobre a arrebentação; adestramentos de patrulhas, orientação terrestre, infiltração mergulhada, salto de pára-quedas (livre, ou semi-automático), lançamento e recolhimento de pessoal e material por aeronave de asa rotativa (helicóptero), submarinos e navios de superfície; participam ainda de operações ribeirinhas, na Amazônia e no pantanal mato-grossense e exercícios de sabotagem a navios e a instalações terrestres.


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